NOVA BIBLIOTECA DE DIREITO DA USP

Adaptação do Edifício da Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. A partir da opção pelo maior aproveitamento possível da estrutura existente, evitando intervenções de grande porte, e pela valorização da luz e da permeabilidade do edifício, nossa proposta assumiu a manutenção do vazio existente, que organiza a distribuição funcional dos espaços, seguindo uma lógica de fácil leitura e que permite a flexibilidade de usos e apropriações.

Créditos: Nave Arquitetos / GDS / Paulo Alves - 3D: Zachary Aders e Daniel Eizo.

Considerando a importância da instituição de ensino a que se destina e, ainda, à importância do espaço urbano que a circunda, o térreo do edifício se abre totalmente para a rua, com acesso livre e que se conecta, pela criação de uma arquibancada/escada, ao subsolo, onde estão localizados o auditório, a sala multimídia – abrindo a possibilidade de atividades abertas à comunidade – e o acesso ao túnel que interliga este edifício ao edifício histórico e, consequentemente, ao próprio Largo São Francisco.

O embasamento do edifício é totalmente público e vira uma extensão da rua, da cidade, devolvendo à cidade um espaço de troca, de comunicação e que se alinha, conceitualmente, com o púlpito localizado em frente à universidade, defronte ao histórico Largo.

É a partir do acesso pelas catracas, localizadas no térreo, que acontece o necessário controle de fluxo. O grande balcão de acesso centraliza o controle e a guarda de pertences nos escaninhos, permitindo que o usuário da biblioteca, ao passar por ele, tenha também total acesso aos andares destinados às funções do edifício.

O bloco composto por escada, elevadores panorâmicos, poço de iluminação e passarelas de ligação se insere no corpo do edifício original de maneira delicada, porém evidente. Proposto em estrutura metálica, conecta os dois “blocos”, mas pela expressão específica do material – estrutura metálica, marca a intervenção, assim como permite uma leitura rápida e clara da organização dos espaços.

O acervo, de aproximadamente 160.000 volumes, está distribuído do 1º ao 8º pavimentos, na grande parede lateral de livros, que atravessa todos os andares, e nas estantes localizadas nos blocos (aproximadamente 750 metros lineares de estantes, distribuídas entre os pavimentos).

No primeiro pavimento, isolado do térreo livre por uma cobertura/piso de vidro, estão localizadas as áreas de convívio e leitura, mais livres e multifuncionais. Do segundo ao sétimo pavimento estão distribuídas as áreas de estudo individual e/ou em grupo, as áreas de consulta, de leitura. No 8º andar se concentra parte das atividades funcionais da biblioteca - 13 postos de trabalho e sala de reuniões para 20 pessoas, também alocadas, de acordo com a necessidade, nos dois pavimentos disponíveis no edifício Claudio Lembo. O 9º pavimento, além de abrigar os espaços de apoio aos funcionários (sanitários, vestiários e copa), é ocupado por um restaurante/café, com a criação de um terraço com vista para a cidade.

Em todos os pavimentos o layout proposto permite sua configuração e reconfiguração de acordo com a necessidade. Os postos de atendimento aos usuários estão localizados estrategicamente próximos ao vazio central, assim como o autoatendimento e reprografia, com fácil acesso ao monta cargas, facilitando o controle e a organização das atividades diárias da biblioteca.

A luz, fundamental para a atividade, é elemento preponderante no projeto. O grande vazio central permeia todos os andares e ilumina as áreas de trabalho, porém, com especial cuidado para não afetar as áreas de acervo.

Além disso, a iluminação também vem dos panos de vidro da fachada frontal, dotada de grandes janelas, porém, filtrada pela segunda pele proposta, uma estrutura modular em alumínio, que ao mesmo tempo em que permite a entrada de luz, filtra sua incidência e a partir de suas superfícies múltiplas reflete, de maneira diferenciada, cada feixe de luz que incide sobre o edifício. O triângulo equilátero adotado para a composição do módulo remete à ideia da igualdade, da justiça e do equilíbrio. A pirâmide é composta pela colaboração dos triângulos e, nestas, sempre uma das faces está aberta para receber a luz.

Além de filtrar a luz, a pele proposta funciona como interface entre o interior e o exterior, comunicando a existência da atividade interior para a cidade e vice-versa.

Retoma-se, assim, a alegoria da luz como representação do conhecimento adquirido pelo homem. O edifício, que durante o dia recebe a luz e a transforma em seu interior, durante a noite se transforma em uma grande lanterna, deixando derramar para seu entorno imediato a luz gerada em seu interior e que, assim como o conhecimento, se transforma a partir da interação com o homem e seu ambiente.

EQUIPE
Glauco Diógenes
Paulo Alves
Roberto Fialho
Valéria Santos Fialho

A LUZ, FUNDAMENTAL PARA
A ATIVIDADE, É ELEMENTO
PREPONDERANTE NO PROJETO.

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ELEVAÇÃO 3D DA FACHADA: Zachary Aders e Daniel Eizo